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História da Igreja e Paróquia São Luiz Gonzaga em Brusque

O projeto da Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau foi assinado pelo arquiteto Dominikus Böhm, pai do arquiteto  Gottfried   Böhm que assinou  o projeto da Igreja Matriz de Brusque - Igreja São Luiz Gonzaga.

Em uma de suas viagens ao Brasil - Blumenau, Gottfried Böhm foi convidado para estar na cidade de Brusque e solicitado para que fizesse o projeto da nova Igreja  da cidade. 
E assim aconteceu.
Muito importante este trabalho, pois é possível detectar as grandes, e ao mesmo tempo, imperceptíveis diferenças nas obras de pai e filho, ou seja, entre as catedrais de Blumenau e Brusque. Ambas primam pela monumentalidade, materiais integrando a pedra granítica e concreto, a presença de vitrais, a espacialização, diferenças na apropriação do terreno a partir da arquitetura e o jogo de luzes - cheios e vazios. A partir desta análise, podemos afirmar que o projeto da Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau foi assinado pelo pai do arquiteto que assinou o projeto da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga de Brusque.

Um pouco sobre o Arquiteto da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga
Relembrando Gottfried Böhm

Gottfried Böhm nasceu em uma família com gerações de arquitetos - na cidade de Offenbach - Hessen, no dia 23 de janeiro de 1920. Dominikus Böhm, seu pai ficou conhecido por ter construído inúmeras igrejas em toda a Alemanha. De algumas, acompanhou o projeto, como foi o caso da Catedral de Blumenau - seu pai idealizou o projeto, mas faleceu três anos antes de sua inauguração. Seu avô também foi arquiteto - . Alois Böhm. 
Gottfried Böhm graduou-se  arquiteto na Universidade Técnica de Munique no ano de 1946. Simultaneamente estudou escultura na Academia de Belas Artes nas proximidades da Universidade, desenvolvendo seu lado de Design, também através do trabalho com argila.

Também, após a 2° Guerra Mundial - trabalhou na "Sociedade para a Reconstrução de Colônia". No ano de 1951, viajou para Nova York, onde trabalhou durante seis meses no escritório do Arquiteto Caetano Baumann. É curioso observar as coincidências de seu trajeto profissional com outro arquiteto muito conhecido no Vale do Itajaí que, também conheceu a arquitetura brasileira e o concreto, através de uma viagem aos Estados Unidos, que o motivou a vir para o Brasil - Hans Broos.

O arquiteto assinou o projeto da Catedral de São Paulo Apóstolo - Blumenau, junto com seu pai, porque depois que se formou, no ano de 1947, passou a trabalhar no escritório do pai, Dominikus Böhm, até este, vir falecer no ano de 1955. A parceria durou somente 8 anos  - Após a morte do pai permaneceu e continuou o trabalho do escritório de arquitetura. É interessante que nos registros formais, sua obra e de seu pai, feitas em Blumenau e Brusque, não são mencionadas.

Gottfried Böhm foi casado com a arquiteta - Elizabeth Hagenmüller (conheceu-a em 1948, em Munique). A Sra. Hagenmüller trabalhou ao lado do marido em muitos de seus projetos, principalmente nos projetos de interiores. Tiveram quatro filhos, dentro os quais, três também são arquitetos.

Gottfried Böhm construiu vários edifícios por toda a Alemanha, desde igrejas, museus, centros cívicos, edifícios de escritórios, casas e apartamentos. Foi considerado expressionista e pós-bauhaus. Prefere se definir como contribuinte para a transição entre o antigo e o novo, tal como, o Broos dizia de si mesmo, em muitas de nossas conversas. Denominava-se o arquiteto que cria "conexões" entre o passado e o futuro - entre o mundo das ideias e o mundo físico - entre os edifícios e seu entorno urbano. Integração entre diferentes.

No início de sua carreira usava muito o concreto armado em suas obras. Com o desenvolvimento da tecnologia construtiva passou a experimentar outros materiais, contemporâneos, como o aço e o vidro. Sua preocupação com o planejamento urbano é evidente em muitos de seus projetos, mostrando sua preocupação com "as conexões".

Um pouco da História da Paróquia São Luiz Gonzaga

Inicialmente existia no local uma edificação rudimentar feita de madeira rústica e coberta de palha que era usado como templo da paroquia. Após o perigo de a edificação cair, uniram-se colonos, diretoria da colônia e Governo Imperial do Brasil para a construção do primeiro templo oficial da Colônia de Brusque.

A iniciativa de construção do 1° templo católico em Brusque ocorreu após um episódio que movimentou a comunidade. O templo provisório de madeira quase desmoronou em uma missa de domingo. O levantamento de recursos para a construção ficou sob responsabilidade dos colonos sensibilizados com a situação. O Governo Imperial também cobriu parte das despesas. Na forma de mutirão, angariaram fundos para a construção da nova igreja.

Retornando...
As obras da construção da nova igreja, iniciaram no dia 21 de junho de 1874, com o lançamento da pedra fundamental. 

A igreja foi construída em alvenaria de tijolos rebocados e coberta de telhas. Foi construída no estilo neogótico, este, trazido pelos imigrantes e padres alemães, para toda a região. O templo tinha 20 metros de comprimento e 16 metros de largura. Sua torre media 25metros de altura. Nela foi colocado um relógio que foi presenteado pelo Imperador do Brasil - D. Pedro II. O presente imperial, atualmente se encontra no Museu de Azambuja, o que lamentamos. D. Pedro II também doou para a comunidade, dois sinos.

A inauguração do 1° templo de alvenaria da Paróquia São Luiz Gonzaga aconteceu no ano de 1877, com a benção do Vigário Padre Alberto Gattone, que se tornaria no ano de 1867, o primeiro pároco oficial de Brusque. 
No ano de 1930, a igreja paroquial recebeu mais 4 sinos de bronze e um órgão, vindos da Alemanha. Em 1939 - ano do início da 2° Guerra Mundial, troca-se o Pároco da Paroquia São Luiz Gonzaga. O Padre Vicente Schmitz assume a Paróquia em 1943. No posto, resolve alterar a fachada original da igreja, descaracterizando-a com o acréscimo de volumes circulares em cada lada da fachada frontal e também, modifica a parte posterior. A obra foi possível, com as doações feitas pelo Cônsul alemão Carlor Renaux. Com isto, também houve a reforma o órgão.

Em 1949, o Padre Luiz Gonzaga Steiner assume a paróquia. A caixa da igreja e as contribuições estavam boas. Com capital em caixa levantou-se a hipótese de ampliar novamente a igreja. Tinham projeto já pronto do Pároco anterior. Após trocas de ideias entre as lideranças, decidiram fazer um novo templo e desconsideraram toda a história da arquitetura da igreja existente, como aconteceu em outras locais da região, inclusive em Blumenau.
Foi encomendado um projeto para nova igreja da paróquia, ao arquiteto Simão Granlich. Esteve em Brusque no ano de 1952. Feito o projeto, o arquiteto entregou à comunidade e o mesmo foi exposto à mesma e à Comissão Construtora que era presidida por Guilherme Renaux. A comissão não aprovou o projeto apresentado pelo arquiteto Gramlich, muito respeitado em todo o sul do Brasil. Fez também igrejas no Rio Grande do Sul, como a Catedral de Vanâncio Aires.

O Presidente da Comissão Construtora - Guilherme Renaux, sabendo da presença do arquiteto alemão Gottfried Böhm, descartou o projeto de Gramlich e chamou o arquiteto alemão residente na Alemanha (Gramlich era imigrante alemão) a Brusque para solicitar o projeto da nova catedral e igreja paroquial São Luiz Gonzaga, uma vez que já estava participando da construção da nova Matriz de Blumenau - atual Catedral São Paulo apóstolo, projetado por seu pai.

O arquiteto Gottfried Böhm visitou o local da igreja, em Brusque, no ano de 1953, aproveitando sua estada na cidade de Blumenau. Para locá-la sobre o terreno mais alto, onde estava a antiga e histórica igreja neogótica, foi necessário serviços de terraplanagem e aterro, criando um platô. 

O volume do projeto da igreja do arquiteto Gottfried Böhm, invadiu parte das escadarias, no mesmo nível do corpo da igreja que delimita o ambiente interno, criando um monumental portal que também cobre parte da via que cruza sobre o patamar das escadarias.

Durante sua construção, cogitou-se a possibilidade de manter a igreja antiga, até que a nova ficasse pronta. No entanto a inclinação acentuada do terreno não permitiu que a ideia fosse levado adiante. Não somente tiraram a igreja antiga como também, uma bela edificação art decó que ficava junto no terreno, imaginamos fosse a casa paroquial. O principal material, blocos de granito cinza, foram extraídos da região, de morros do bairro Volta Grande, em uma pedreira local - qualquer dia tentaremos chegar ao local e registrar as marcas deixadas pelos movimentos deste tempo. E quem beneficiou as pedras para a execução do projeto, foram os próprios proprietários da pedreira.

A proposta do arquiteto Gottfried Böhm, como também, a proposta de seu pai, o arquiteto Duminikus Böhm, autores dos projetos da igreja de Brusque e de Blumenau respectivamente, tem em comum a adoção dos materiais distintos, como a pedra e o concreto armado, com a presença dos vitrais e a verticalidade. Há grandes diferenças, nos pequenos detalhes, a percepção é sensorial, como por exemplo a apreensão da luz natural.

Enquanto a igreja de Brusque é quase um ambiente que reporta a uma "caverna", que nega o externo através das fechadas paredes de pedras quase desprovidas de aberturas, seu teto recebe um "rendilhado" que "brinca" com a entrada da luz através de belos panos de fechamento de vidros, tornando-as indireta a partir de presença de uma fina capa de concreto que movimenta. A igreja de Blumenau tem grande panos de vidros nas paredes que permite o visão da silhueta do que está no entorno imediato.
Também as cores escolhidas nas duas igrejas  partir de suas composições, são diferentes. Na igreja de Brusque, há presença  da monocromia, cores naturais dos materiais usados, na partes da arquitetura, como: piso, vedações e teto. Na igreja de Blumenau há uma vibração, também nas cores escolhidas nestes mesmos elementos: piso, elevações, teto, mobiliário e vitrais.

Texto adaptado do blog Angelina Wittmann
Veja o post completo aqui
 

Veja abaixo algumas imagens que ilustram o texto. Todas imagens foram retiradas do blog de Angelina Wittmann - matéria completa aqui.





Segunda Igreja São Luiz Gonzaga - Brusque SC

Igreja paroquial em um platô - terreno mais alto

As escadarias, a presença dos volumes redondos na fachada e uma edificação art decó, que poderia ser a casa paroquial - Também não existe mais...


Igreja após reforma do Padre Schmitz - Igreja demolida.

Padre Gattone

Nova Igreja paroquial de Brusque - Inaugurada em 1877.

Arquiteto Gottfried Böhm

Templo provisório da Paróquia São Luiz Gonzaga - Brusque