A história fotográfica de Brusque na Internet

Érico Zendron, o camarada das fotos

Você já deve ter visto fotos antigas de Brusque e se perguntado como era o cotidiano das pessoas naquela época. O que faziam para se divertir, passar o tempo? As roupas, os passeios, os encontros... E no verão? O acesso à praia era mais complicado, ninguém tinha piscina em casa, os Clubes eram para poucos. O contato com a turma era difícil. Como faziam para organizar um passeio com os amigos, sem telefone nem grupos de WhatsApp?

Para responder isso, ninguém melhor que o senhor Érico Zendron, que desde os anos 1940 registra o cotidiano de Brusque e tem o maior acervo particular de fotos antigas da cidade. Esse camarada de 92 anos e de uma memória invejável relatou o que faziam nessa época, num depoimento cheio de curiosidades do cotidiano de Brusque nos anos 1940 e 1950.

O site Brusque Memória tem dezenas de fotos feitas por Érico nessa época, retratando piqueniques e encontros de amigos. Ele conta que reunia essas turmas e ia junto para fotografar, com o intuito de vender as fotos. O objetivo era faturar.

Todos se encontravam na missa de domingo, às 9 horas da manhã. Ali combinavam passeios para mais tarde ou para a semana seguinte. E assim iam para piqueniques, geralmente de bicicleta. Os destinos eram diversos. A Lagoa dos Orthmann, os campos da Guabiruba ou até a beira do Rio Itajaí.

O Rio que cruza Brusque, ainda em seu traçado antigo, formava pequenas "praias", onde as turmas se reuniam para paquerar, e Érico aproveitava para fazer as fotos. Um dos locais era em frente a onde hoje fica o SESC. E ali estão os rapazes vestindo terno e as moças em belos vestidos, curtindo dias de calor e posando para fotos. A água era limpa, sem a poluição de hoje!

Para os passeios em locais mais afastados, as moças preparavam sanduíches, já que não havia restaurantes ou mercados em qualquer lugar.

As opções de diversão eram escassas na cidade. Futebol, cinema, empada na Confeitaria Kohler, paquerar na Praça ou fazer piqueniques e pescarias. Poucas vezes, chegaram a sair da cidade. Para Nova Trento ou Balneário Camboriú, reuniram a turma e foram de ônibus. A viagem levava mais de duas horas!

Os rapazes iam assistir ao futebol, ou reuniam os amigos para jogar pelos bairros. O cinema tinha sessões diárias às 8 da noite e 4 sessões nos finais de semana. As salas eram enormes e estavam sempre lotadas.

Érico preferia reunir várias pessoas em uma foto, pois assim, com a mesma pose, poderia vender a foto várias vezes. Todo o lucro era contabilizado, com os custos do filme e da revelação, e as receitas com a venda das fotos.

Todos andavam sempre em trajes elegantes, mantendo a pose na missa, no passeio, no cinema, no trabalho ou para assistir o futebol. A vestimenta era mais alinhada e o contato com as moças era mais respeitoso. Da conquista até o primeiro beijo, era uma longa jornada.

Memórias de outros tempos, quando a vida era mais tranquila, as pessoas e a cidade tinham outro ritmo.

Texto de Paulo Morelli baseado em epoimento de Érico Zendron a Paulo Morelli e Alexssandra da Silva Fidelis.

Texto publicado originalmente na Revista Brusque Ilustrada, edição 2, de dezembro de 2020.

Assista o vídeo completo da entrevista abaixo